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O que é impulsividade?

A impulsividade pode ser sintoma de um transtorno mental. Saiba como identificar e lidar com ela.

O Que É Impulsividade?

O que é impulsividade?

Impulsividade, ou comportamento impulsivo, é definida (de maneira geral) como ações tomadas sem planejamento ou que são mal concebidas, expressas prematuramente, desnecessariamente arriscadas e inapropriadas para a situação. A impulsividade é mais frequentemente associada com resultados indesejáveis do que desejáveis.

Apesar de não ser exclusiva de pessoas com transtorno de personalidade borderline (TPB), se você tem essa condição é possível que haja um esforço constante para controlar comportamentos impulsivos. Desde fazer decisões apressadas até entrar em brigas, a impulsividade pode colocar você e as pessoas ao seu redor em risco.

Além de desgastar seus relacionamentos e sua sensação de bem-estar em geral, comportamentos impulsivos também podem levar a problemas financeiros e legais, se não forem abordados.

Felizmente, existem tratamentos para colocar a impulsividade sob controle, como a psicoterapia, Mindfulness e medicamentos.

Características

De acordo com o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), comportamentos impulsivos são uma marca do transtorno de personalidade borderline.

Uma pessoa impulsiva geralmente é descrita como:

  • Pavio curto;
  • Explosiva;
  • Imprevisível;
  • Instável.

A instabilidade, aliás, é o que melhor caracteriza o TPB como um transtorno. Pessoas com TPB geralmente lutam contra os sentimentos de inadequação que se manifestam com emoções, comportamentos e relacionamentos instáveis. Elas podem explodir com facilidade por causa de coisas pequenas e geralmente terão muita dificuldade para reconhecer como essas reações são excessivas ou desproporcionais.

Em termos psicológicos, comportamentos impulsivos são ações ou reações intrinsicamente inapropriadas em termos de proporção ou de potencial risco. Uma pessoa com TPB tem menos chances de levar em conta as potenciais consequências de seus atos e frequentemente recorrerão a comportamentos autodestrutivos (como comer ou beber demais) como mecanismo de enfrentamento.

Entretanto, comportamentos impulsivos por si só não justificam um diagnóstico de TPB. É apenas quando os comportamentos são constantes, danosos e passam a interferir com a capacidade da pessoa de funcionar normalmente que um diagnóstico de TPB pode ser considerado.

Impulsividade não deve ser confundida com compulsão, onde a pessoa reconhece que tem um comportamento anormal, mas é incapaz de evitá-lo. No caso da impulsividade, a pessoa vai agir sem necessariamente ponderar se seu comportamento é anormal ou não.

Diagnóstico

Não existe um exame específico para confirmar se a impulsividade de uma pessoa é causada pelo transtorno de personalidade borderline ou alguma outra condição. Se há suspeita de TPB, o médico fará testes para determinar se os sintomas apresentados são consistentes com aqueles descritos no DSM-5.

Dito isto, a pessoa precisa atender dois principais critérios para o TPB:

1 – Uma deficiência no funcionamento da personalidade, seja em termos de autoimagem ruim e auto criticismo, ou de instabilidade de metas, aspirações, valores e planos de carreira.

2 – Uma deficiência no funcionamento interpessoal, seja em termos de falta de empatia ou como incapacidade de manter intimidade (devido a falta de confiança, carência ou medo de abandono).

Ambos os critérios devem ser atendidos para que o diagnóstico de TPB seja feito. Para evitar diagnósticos incorretos, é importante explorar e descartar todas as outras possibilidades, tanto físicas quanto psicológicas.

Outros diagnósticos possíveis

Comportamentos impulsivos não são uma exclusividade do transtorno de personalidade borderline. Eles também são associados com:

  • Causas físicas da impulsividade, como lesão cerebral ou doença neurodegenerativa, como Mal de Alzheimer ou doença de Huntington;
  • Mania bipolar, geralmente associada com grandiosidade e uma torrente de ideias (durante um episódio maníaco agudo, a pessoa geralmente age impulsivamente sem pensar nas consequências. Gastos compulsivos e comportamentos hiper sexuais são exemplos comuns da impulsividade associada com o transtorno bipolar);
  • Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), estimulada pela incapacidade da criança de ficar quieta ou de controlar comportamentos inapropriados (é a falta de controle junto com uma mudança constante de focos de interesse que produzem a impulsividade);
  • Transtornos de uso de substâncias, embora a impulsividade seja mais comumente exibida sob o efeito de drogas, quando se deseja usar drogas ou durante a procura ativa por drogas;
  • Transtorno de personalidade antissocial, bastante parecida com o TPB, mas distinta pelo fato de que há uma desconsideração persistente pela moral, normas sociais e os direitos e pensamentos de outros.

Com o transtorno de personalidade borderline, a pessoa terá emoções extremas que ela achará difíceis de controlar. Com o transtorno de personalidade antissocial, há uma característica ausência de emoções.

Causas

Ninguém sabe exatamente o que causa o transtorno de personalidade borderline, tampouco o que causa comportamentos impulsivos no TPB.

Fatores psicológicos

Existe alguma evidência de que o TPB é provocado pelo transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), particularmente se o trauma aconteceu na infância.

Genética

Estudos sobre o comportamento de gêmeos sugerem que a genética pode desempenhar um papel maior do que o imaginado no TPB. Acredita-se que um erro genético no cromossomo 9 pode estar ligado a aspectos do TPB, incluindo a hereditariedade parcial da agressão impulsiva.

Mutações como essa podem alterar o nível de produção da serotonina e dopamina, neurotransmissores associados com humor e cognição. Nas pessoas com TPB, a impulsividade pode estar intimamente relacionada aos receptores de dopamina do cérebro.

Se esses receptores são afetados de qualquer maneira - principalmente os do lobo frontal do cérebro, onde decisões lógicas são tomadas – a pessoa pode ter menos capacidade de “pensar com calma” antes de agir.

Esses receptores defeituosos também explicariam porquê pessoas com TPB geralmente têm sentimentos de vazio e autodesprezo, característicos da depressão. Sem os meios de receber e transmitir a dopamina eficientemente, a pessoa é menos capaz de exercer o autocontrole ou sustentar uma sensação de bem-estar.

É a combinação de fatores ambientais, genéticos e psicológicos que cria as condições perfeitas para o desenvolvimento do transtorno de personalidade borderline e da impulsividade associada.

Tipos

Existem vários tipos de comportamentos diferentes que podem se tornar impulsivos com o TPB – cada situação é diferente. Existem, entretanto, temas e cenários que são comuns em pessoas com TPB, incluindo:

  • Mudar ou cancelar planos abruptamente;
  • Comer ou beber em excesso;
  • Se desfazer de pertences para “começar de novo”;
  • “Virar a página” frequentemente;
  • Destruir propriedade;
  • Elevar o tom durante conflitos;
  • Surtos emocionais frequentes;
  • Incapacidade de receber críticas sem se ofender;
  • Se juntar e sair de vários grupos;
  • Chegar a conclusões precipitadas;
  • Sexo sem sentido ou inseguro;
  • Se desculpar demais;
  • Compartilhar demais suas emoções com pessoas não tão íntimas;
  • Gastar demais;
  • Violência física;
  • Se demitir de repente;
  • Automutilação;
  • Ameaçar ferir a si ou aos outros.

Tratamento

Apesar de comportamentos impulsivos serem potencialmente severos e recorrentes, eles podem ser frequentemente controlados através de tratamento. Muitos tratamentos contra o TPB têm componentes que abordam a impulsividade especificamente.

Psicoterapia

A terapia comportamental dialética (TCD) se concentra em desenvolver habilidades que reduzem seus comportamentos impulsivos e aumentam sua capacidade de pensar e refletir antes de agir. Ao usar mecanismos de enfrentamento para lidar com emoções extremas, uma pessoa com TPB fica melhor equipada para lidar com situações sem recorrer ao confronto.

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O Mindfulness é uma habilidade ensinada na TCD. Ele te encoraja a permanecer no momento, o que pode ajudar a manter você consciente de suas ações de forma que você possa considerar as consequências.

Praticar essa técnica pode incentivar você a refletir sobre suas opções sem pressa, permitindo reações mais racionais sobre os eventos à sua volta.

Medicação

Medicamentos como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), às vezes combinados com uma pequena dose de antipsicóticos, também podem ajudar. Isso é válido principalmente se seu comportamento é extremo e apresenta risco para você ou terceiros.

Existe uma variedade de drogas que combatem comportamentos impulsivos, incluindo alguns antipsicóticos atípicos e estabilizadores de humor.

Remédios são mais eficientes quando usados junto com psicoterapia.

Enfrentamento

Além de seguir seu plano de tratamento e falar com um terapeuta, existem passos que você pode dar para lidar melhor com sua impulsividade.

Geralmente, o primeiro passo é identificar os comportamentos impulsivos que você gostaria de mudar. A seguir, você pode tentar uma das estratégias abaixo quando sentir um ímpeto de adotar um desses comportamentos:

Realize uma análise em cadeia que permita que você:

  • Identifique o comportamento impulsivo e o que está provocando-o;
  • Avalie seus sentimentos e pensamentos;
  • Considere as consequências.

Junte-se a um grupo de apoio. Se você não tem recursos como amigos ou familiares de confiança, juntar-se a um grupo de apoio pode ser útil em controlar seu comportamento impulsivo. Também te dará a oportunidade de falar com outros sobre o que tem (ou não) funcionado para eles no controle desses comportamentos.

Substitua comportamentos impulsivos por saudáveis. Apesar de a impulsividade ser capaz de causar um bem-estar de curto prazo (eliminando o medo ou a ansiedade, por exemplo), existem meios mais saudáveis e sustentáveis de lidar com uma situação adversa. Caminhada, escrever um diário, falar com uma pessoa de confiança ou voluntariado são alguns exemplos.

Pratique a respiração profunda. Respirar fundo é uma boa maneira de controlar o estresse, o que pode ajudar você a regular seu humor e evitar reações impulsivas.

João Vitor Gomes dos Santos
João Vitor Gomes dos Santos

Engenheiro Mecânico, através da convivência na universidade se conscientizou da importância do bem-estar mental. Para promover e acessibilizar os cuidados com a mente, cofundou a PsyMeet. Convencido da importância da saúde mental para uma vida feliz, está sempre lendo, assistindo e ouvindo sobre o tema. Instagram @dosantosjv

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