Hipomania – Sintomas, diagnóstico, tratamento e mais

Saiba como identificar, e tratar esse sintoma do transtorno bipolar.

16.02.2022 | João Vitor Santos

O que é hipomania?

Hipomania é um estado de euforia anormal que afeta seu humor, pensamentos e comportamento; é um possível sintoma do transtorno bipolar, particularmente do tipo II.

Um episódio de hipomania é caracterizado por alegria, animação, extravagância ou irritação incomuns. Características secundárias também podem aparecer, como inquietação, falar demais, distração, necessidade menor de sono e foco intenso em uma atividade específica.

Sintomas da hipomania

Os sintomas específicos que a hipomania produz variam de uma pessoa para a outra. Exemplos de comportamentos hipomaníacos incluem:

• Se comportar de maneira inapropriada, como fazer comentários insensíveis durante uma situação formal;
• Se vestir ou se comportar de maneira extravagante;
• Hipersexualidade, que pode envolver demandas incomuns sobre seu parceiro, avanços sexuais inapropriados, ter um caso, ou gastar muito tempo/dinheiro com pornografia ou prostituição;
• Pular de um assunto pra outro do nada;
• Necessidade menor de dormir;
• Gastar dinheiro de maneira inconsequente;
• Correr riscos que não correria normalmente porque se sente com sorte;
• Falar tão rápido que os outros não conseguem acompanhar o que está sendo dito;
• Irritação, animação ou agressividade incomuns.

Diagnóstico da hipomania

O diagnóstico da hipomania depende da presença de uma combinação de sintomas e características. É necessário que haja um humor anormalmente animado, expansivo ou irritável junto com energia extra pela maior parte do dia durante 4 dias, pelo menos.

O humor, atividades e comportamentos que acompanham a hipomania são claramente diferentes do normal para a pessoa e são facilmente perceptíveis para as pessoas próximas.

A falta de flutuação do humor - ou seja, a persistência de um certo estado de humor - ajuda a distinguir um episódio hipomaníaco de uma oscilação de humor convencional.

Por definição, certas características e sintomas descartam um diagnóstico de hipomania e geralmente indicam um episódio maníaco. Por exemplo, sintomas de psicose, como alucinações e delírios, excluem a possibilidade de um episódio hipomaníaco.

Além disso, sintomas tão intensos que interrompem o funcionamento diário ou exigem hospitalização também descartam um possível diagnóstico de hipomania. Também é preciso descartar medicamentos ou drogas recreativas como fontes dos sintomas antes de fazer o diagnóstico.

Hipomania bipolar

Para ser diagnosticada com transtorno bipolar tipo I ou II, a pessoa deve passar por episódios depressivos e maníacos/hipomaníacos. Apresentar sintomas depressivos e hipomaníacos, sem mania, sugere o transtorno bipolar do tipo II.

A hipomania bipolar é considerada como diagnóstico quando a pessoa apresenta um humor elevado junto de três dos sintomas a seguir, ou um humor irritadiço junto com quatro destes sintomas:

• Se distrai com facilidade;
• Envolvimento com atividades arriscadas, como gastar demais, jogatina ou comportamento sexualizado;
• Sentir-se fortemente motivado(a) a atingir certas metas;
• Inquietação ou tiques, fenômeno conhecido como agitação psicomotora;
• Enxurrada de ideias e a sensação de que os pensamentos estão acelerados demais;
• Menos necessidade de dormir sem sentir cansaço;
• Tagarelice incomum.

Hipomania e transtorno bipolar são diagnosticados separadamente, então ser diagnosticado(a) com hipomania não significa que você necessariamente tem transtorno bipolar.

Causas da hipomania

Apesar de a hipomania ser possivelmente causada pelo transtorno bipolar, essa condição pode surgir por outros motivos, como:

• Uso de álcool ou drogas;
• Mudanças no padrão de sono;
• Depressão;
• Estresse elevado;
• Efeito colateral de algum medicamento.

Tratamento contra a hipomania

Mesmo com a ausência da psicose e dos comportamentos extremamente exagerados da mania, a hipomania pode ter sérias consequencias de longo prazo.

Por exemplo, a hipersexualidade pode arruinar relacionamentos e aumentar o risco de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Gastar de maneira inconsequente pode levar a sérios endividamentos. Comportamento inapropriado pode custar o emprego e afastar as pessoas amadas.

O uso de medicamentos conhecidos como estabilizadores de humor é a forma mais comum e efetiva de tratar a hipomania. Seu médico pode receitar:

• Lítio - um estabilizador de humor com efeito antidepressivo;
• Valproato de sódio – um anticonvulsivo;
• Antipsicóticos – podem reduzir os sintomas da hipomania enquanto o lítio e o valproato de sódio não fazem efeito.

Além disso, existem mudanças no estilo de vida que também fazem a diferença:

• Evitar estímulos que pode causar gatilho, como cafeína, açúcar e locais barulhentos ou cheios de gente;
• Exercitar-se diariamente;
• Dormir o suficiente todas as noites;
• Alimentar-se regularmente.

Convivendo com a hipomania

Se você tem sentido sintomas que indicam hipomania, agende um atendimento com um psiquiatra. Esse profissional determinará se o diagnóstico é realmente de hipomania e se ela é causada por transtorno bipolar.

Enquanto isso, existem alguns passos que ajudarão a lidar com os sintomas:

• Eduque-se – Quanto mais você aprender sobre a hipomania e os seus gatilhos e sintomas pessoais, mais fácil será colocar a condição sob controle;
• Mantenha um diário de emoções – Escrever um diário à mão ou no celular tornará o monitoramento de suas emoções mais fácil, de forma que você e seu médico possam trabalhar juntos para manter os episódios sob controle;
• Atenha-se ao tratamento – Se você tem transtorno bipolar, seguir seu tratamento será fundamental para mitigar os efeitos da hipomania;
• Peça ajuda – É importante pedir ajuda a pessoas próximas e de confiança, como amigos e familiares.