O que é o transtorno disfórico pré-menstrual?
Aprenda como identificar, tratar e atenuar os efeitos dessa condição.
06.12.2021 | João Vitor Santos
Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) é um transtorno de humor que ocorre na fase pré-menstrual do ciclo menstrual.
Apesar das semelhanças com a tensão pré-menstrual (TPM), os sintomas do transtorno disfórico pré-menstrual são muito mais severos e podem causar mudanças extremas de humor que podem interromper o funcionamento e a vida diária.
Pesquisas indicam que mulheres com essa condição podem ter alterações nos genes que influenciam a reação do corpo ao estresse e aos hormônios sexuais. Essas diferenças significam que mulheres com TDPM têm uma sensibilidade maior aos hormônios que influenciam tanto o humor quanto o bem-estar em geral.
Apesar de a TPM também impactar o funcionamento e a vida social da mulher, ela não é tecnicamente classificada como um transtorno e os sintomas geralmente podem ser mantidos sob controle pela própria mulher. O TDPM, por outro lado, é tido como um transtorno mental pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
Irritabilidade pré-menstrual e TPM são bastante comuns, mas de 3% a 8% de todas as mulheres que menstruam apresentarão sintomas do TDPM.
Sintomas
Entre os principais sintomas do TDPM pode-se citar:
- Mudanças de humor extremas;
- Sintomas físicos como dor nos seios, inchaço e dor de cabeça;
- Sentimento de tristeza;
- Irritabilidade e raiva direcionadas a outras pessoas;
- Falta de interesse nas atividades usuais;
- Falta de energia ou fadiga;
- Perturbações no sono;
- Desejo por certos alimentos ou comer em excesso;
- Dificuldade para pensar ou se concentrar.
Os sintomas começam durante a fase luteínica - após a ovulação – e terminam logo após o início da menstruação.
Causas
As pesquisas sobre as causas e tratamentos contra o TDPM estão começando a aparecer, mas as evidências atuais sugerem que a condição é fortemente influenciada por uma sensibilidade genética aos hormônios sexuais.
Apesar do transtorno ser associado a causas biológicas, uma pesquisa mostrou que variáveis ambientais, como o estresse que a mulher sente, também podem aumentar o risco e a severidade da condição.
Estima-se que 50% dos casos sejam hereditários.
Um estudo sugere que o TDPM pode estar relacionado a alterações nas respostas celulares envolvidas na metabolização do estrogênio e progesterona.
Diagnóstico
O diagnóstico do transtorno disfórico pré-menstrual geralmente começa com seu médico montando um histórico de sua saúde e fazendo alguns exames físicos. Na maioria dos casos, você precisará de um calendário para acompanhar seus sintomas ao longo de pelo menos dois ciclos menstruais.
Para ser diagnosticada com TDPM, a mulher deve apresentar pelo menos 5 sintomas distribuídos nos domínios físico e emocional. A paciente deve apresentar esses sintomas durante a fase pré-menstrual e os sintomas devem estar quase que totalmente ausentes nas semanas seguintes à menstruação.
Esses sintomas também devem interferir no desempenho no trabalho, escola, relacionamentos e outras áreas importantes da vida. Além disso, não podem estar relacionados a outras condições existentes ou ao uso de substâncias.
Tratamento
Os tratamentos contra o transtorno disfórico pré-menstrual se concentram em minimizar e controlar os sintomas da condição. Algumas opções de tratamento incluem:
- Antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), têm se mostrado eficientes no tratamento dos sintomas;
- Anticoncepcionais;
- Adaptações no estilo de vida, como mudanças na dieta, exercícios e técnicas de gerenciamento do estresse;
- Mudança nos produtos para menstruação, principalmente aqueles que causam desconforto ou irritação.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) também pode ser usada. Se deseja falar com um psicoterapeuta, clique aqui.
Lidando com os sintomas
As mudanças físicas e de humor causadas pelos sintomas do TDPM podem atrapalhar sua rotina diária e seus relacionamentos. Você pode se sentir irritada, deprimida e com raiva – e existe, é claro, o risco de você descontar esses sentimentos nos outros. Além do tratamento com um profissional da saúde, existem algumas dicas de autocuidado para ajudar você a lidar com os sintomas.
Tratamentos naturais como meditação, exercícios regulares e ioga podem ser efetivos em controlar o estresse. Essas práticas também podem ajudar com os sintomas de depressão e ansiedade.
Você deve ser prudente e sempre falar com seu médico antes de começar um tratamento com ervas naturais. Existe o risco que esses produtos reajam com algum medicamento que você toma.
Descansar bastante e se alimentar de maneira saudável ajuda muito. Evitar alimentos com muito sal previne o inchaço e a retenção de líquido. Minimize o consumo de açúcar e carboidratos simples para controlar o nível de açúcar no sangue. Procure comer carboidratos complexos, fibras, proteínas e ficar bem hidratada sempre.