Alzheimer – Tudo o que você precisa saber
Entenda como o Alzheimer atua, os tratamentos disponíveis e conheça algumas dicas de convivência com alguém que tem a condição.
17.11.2021 | João Vitor Santos
O Mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que age progressivamente. É uma das formas mais comuns de demência – um grupo de sintomas que leva a uma redução tão intensa das capacidades mentais que as atividades comuns do dia a dia se tornam muito difíceis ou impossíveis.
O Alzheimer afeta quase todos os processos cognitivos do doente, como a memória, a capacidade de aprender, fazer julgamentos, raciocinar e se comunicar, entre outras.
Sintomas e diagnóstico
Pessoas com Alzheimer começam apresentando perda de memória e sutis alterações de comportamento que diferem das mudanças normais associadas com a idade. Elas podem parecer cansadas ou ansiosas com mais facilidade, por exemplo.
A dificuldade em lidar com a mudança também é um sinal. Por exemplo, a pessoa percorre com tranquilidade rotas que já conhece bem, mas ao tomar um novo caminho, ela fica confusa e se perde com facilidade. Nos estágios iniciais da doença, pessoas com Alzheimer são particularmente suscetíveis à depressão.
Conforme a doença avança, a perda de memória se intensifica e a tomada de decisão se torna mais difícil. Não é incomum que o doente fique irritado quando uma pessoa próxima tenta ajudar.
Com o passar do tempo, o convívio social também se torna mais difícil. A pessoa tem muita dificuldade para reconhecer familiares e amigos de longa data, levando-a a se isolar.
Nos estágios mais avançados da doença, a pessoa perde parte da coordenação dos movimentos e pode ter dificuldade em realizar as tarefas do dia a dia ou de cuidar de si mesma.
O diagnóstico do mal de Alzheimer geralmente envolve exames físicos e neurológicos além de uma avaliação extensiva do estado mental e do histórico médico do paciente.
É possível que exames no cérebro como ressonância magnética e tomografia sejam necessários. Com a ajuda deles será possível descartar outras causas como derrame, tumor ou trauma na cabeça. Outras condições que possuem sintomas semelhantes aos do Alzheimer incluem:
- Depressão;
- Problemas na tireoide;
- Deficiência de vitaminas causada por má alimentação ou doença;
- Problemas no trato urinário ou outras infecções;
- Reação a medicamentos.
Os sintomas mais comuns da doença de Alzheimer incluem:
- Problemas na memória de curto e longo prazo;
- Dificuldade para fazer julgamentos, tomar decisões e resolver problemas;
- Dificuldade para falar/escrever e entender algo falado ou escrito;
- Redução na capacidade de avaliar o espaço (dificuldade em discernir formas e tamanhos ou a relação entre os objetos em um ambiente);
- Mudanças comportamentais e de personalidade (depressão, apatia, desinteresse em atividades costumeiras);
- Grande dificuldade em aprender novas informações;
- Confusão de tempo e lugar (se perder em locais familiares, não ter noção de tempo).
É importante lembrar que, embora sejam evidências sólidas, a constatação desses sintomas não substitui a avaliação de um profissional especializado para fazer um diagnóstico.
Causas
As causas do mal de Alzheimer ainda não são totalmente compreendidas, em partes por se tratar de uma doença complexa com muitas influências possíveis.
Sabe-se, porém, que a quantidade de proteínas no cérebro é fator decisivo para o surgimento da doença. Assim como o déficit de proteínas pode levar à morte das células cerebrais, o acúmulo delas também pode gerar complicações que favorecem o surgimento do Alzheimer.
Um segundo fator importante é a herança genética. Foi observado uma predisposição maior à doença em pessoas cujos pais ou avós também sofreram de Alzheimer. Um estudo, inclusive, encontrou evidências que alterações na produção de uma proteína específica são o traço genético associado à hereditariedade do Mal de Alzheimer.
A idade também é um parâmetro importante (e talvez o mais conhecido). O diagnóstico de Alzheimer costuma acontecer após os 70 anos, mas isso não significa que pessoas mais jovens não devam ficar atentas: uma porcentagem dos diagnosticados possuem 65 anos ou menos. Além disso, não é muito incomum que os sintomas surjam por volta dos 50 anos de idade.
Tratamento
Embora a doença de Alzheimer seja irreversível, existem medicamentos e tratamentos que podem desacelerar o avanço da doença e ajudar a manter os sintomas sob controle.
Falando dos medicamentos, existem os que ajudam a manter o funcionamento cerebral, atrasando a progressão da doença, e os que ajudam a controlar alguns sintomas específicos, como depressão e agitação, por exemplo.
Alguns hábitos também contribuem para manter os sintomas longe por mais tempo. Exercitar a mente, por exemplo, é uma excelente ideia. Uma das maneiras mais efetivas de fazer isso é aprendendo coisas novas.
Seja música, arte, jardinagem, cozinhar ou qualquer outra atividade, exercitar o cérebro com novas informações ajuda muito a conter a progressão dos sintomas.
Convivendo com o Alzheimer
Conviver, e principalmente cuidar de alguém com Alzheimer pode ser uma experiência exaustiva física e emocionalmente.
É importante que essas pessoas sempre tenham em mente que o doente muitas vezes não tem controle sobre suas ações e comportamento. Dessa forma, atitudes mais agressivas e um humor desagradável não implicam em um paciente ruim, mas sim na manifestação dos sintomas.
Mesmo com isso em mente, cuidar de alguém com Alzheimer não é nada fácil, mas algumas atitudes simples podem ajudar o cuidador, por exemplo:
- Não leve comportamentos ruins para o lado pessoal – seja compreensivo(a) e paciente;
- Não discuta ou tente convencer a pessoa;
- Se possível, procure revezar suas responsabilidades com outras pessoas;
- Permita-se momentos de descanso, afinal, sua saúde também importa.
Outra dica muito valiosa para quem convive ou está na posição de cuidador é fazer terapia e participar de grupos de apoio.
O desgaste mental é inevitável e nesse momento a ajuda externa pode fazer toda a diferença. A orientação de profissionais treinados para lidar com esse tipo de situação será muito útil, assim como o compartilhamento de experiências com pessoas que vivem ou viveram situações semelhantes.
Se falando do cuidado prestado, algumas atitudes simples da parte do cuidador podem aumentar bastante o bem-estar do paciente, por exemplo:
Monitore o conforto da pessoa: Verifique se há fome, sede, constipação, bexiga cheia, cansaço, infecções ou irritações na pele.
Redirecione a atenção da pessoa: Procure ser flexível, seja paciente e dê apoio ao responder à emoção em vez do comportamento;
Crie um ambiente calmo: Evite locais barulhentos ou muito claros. Mantenha o ambiente a uma temperatura agradável, se possível.