Luto: como lidar com a perda de alguém importante
A morte de uma pessoa querida é um dos maiores golpes que podemos sofrer. Saiba como lidar com isso da maneira mais saudável possível.
12.11.2021 | João Vitor Santos
Entendendo o luto
A morte de alguém querido é um dos piores marcos na vida de qualquer pessoa, e algo inevitável nessa situação é o forte impacto emocional. Porém, embora inevitável, a reação à perda de uma pessoa querida pode se manifestar de maneiras (e com intensidades) diferentes.
O primeiro passo para lidar de maneira saudável com uma perda é entender que o luto é um processo que não segue uma fórmula exata.
Ele pode incluir rituais religiosos, reuniões entre família e/ou amigos, criação de grupos de apoio entre outros.
Fatores como o fato de a morte já ser antecipada ou não assim como as circunstâncias do acontecimento influenciam.
O que mais faz a diferença, porém, são as características emocionais da pessoa enlutada.
Por ser uma experiência tão pessoal, é natural que a duração do luto varie para cada um. Algumas pessoas podem ficar enlutadas por alguns dias enquanto outras não saem desse estado por meses ou até mesmo anos.
Isso não é indicação que um ama mais e o outro menos. Se trata apenas de uma situação difícil sendo processada de maneiras diferentes.
Uma das partes mais importantes do processo de luto são os sentimentos. Alguns dos mais comuns são:
- Negação;
- Descrença;
- Saudade;
- Tristeza;
- Culpa;
- Raiva.
Além desses, muitos outros sentimentos também podem surgir, com intensidades diferentes e também com durações diferentes.
Características do luto
É importante entender, antes de tudo, que as emoções que sucedem uma perda são naturais e devem ser respeitadas. Elas são um dos principais mecanismos que permitirão à pessoa seguir em frente com o passar do tempo.
Por isso, é importante não invalidar ou suprimir os sentimentos. É verdade que a dor da perda talvez nunca desapareça completamente, mas o processo de luto é necessário para que se viva de maneira saudável – emocionalmente falando – dali em diante.
É possível também, que ocorram reações psicológicas mais intensas.
Ataques de pânico, ansiedade e depressão são alguns dos exemplos. Em certos casos, desejos suicidas também podem se manifestar, mas de forma alguma devem ser negligenciados.
Assim como a mente, o corpo também reage ao impacto da morte de alguém próximo. Não é incomum que a pessoa experimente dores estomacais, perda de apetite e perturbações no sono, para citar alguns.
Outra reação bastante comum é a dificuldade em manter a concentração, acompanhada de uma perda de interesse nas atividades que normalmente cativavam a atenção com facilidade.
É como se a mente, por conta própria, mudasse seu foco constantemente para a perda e para a figura da pessoa que se foi.
Desafios associados
Uma perda nunca é fácil, todas as situações possuem suas particularidades, que de uma forma ou de outra, trazem desafios. E nem sempre eles são somente emocionais.
A morte de um cônjuge, por exemplo. Além da dor da perda, é possível que a situação financeira da família mude drasticamente, exigindo que durante o processo de luto o outro cônjuge faça ajustes significativos no padrão de vida.
Outra complicação possível é o cuidado com os filhos, principalmente para o caso de crianças.
Por ainda serem pequenos, talvez eles tenham dificuldade em entender completamente a situação. Existe também a possibilidade de que a morte de um dos pais gere traumas permanentes, por isso, uma atenção especial é necessária.
Outro fato a se considerar, é que elas podem não ter desenvolvido completamente a capacidade de expressar seus sentimentos, de forma que seu processo de luto pode ter características especiais.
A morte por suicídio é outro tipo de perda que atinge de maneira particularmente dolorida.
Nesse caso, as pessoas que ficam podem experimentar um terrível sentimento de culpa. É extremamente provável que se sintam de alguma forma responsáveis pela morte.
Isso dificulta muito a capacidade de processar e de lidar com a perda, além de abrir a possibilidade para o surgimento de sentimentos autodestrutivos.
Uma morte repentina também é um caso particularmente difícil de absorver.
Não ter a oportunidade de se preparar para a separação definitiva facilita o surgimento de reações como a descrença, negação ou arrependimento.
Nessa mesma linha, o sentimento de culpa também pode surgir com facilidade, mesmo que ninguém pudesse antecipar que o fato iria ocorrer.
Lidando com a dor da perda
Embora o período de luto seja extremamente dolorido e marcante, é preciso entender que ele é parte da vida. Tanto quanto os momentos de alegria que experimentamos e várias vezes nem nos damos conta.
Com o passar do tempo, essa dor diminui e conviver com a ausência se torna menos difícil.
Isso não quer dizer, porém, que não há nada que possa ser feito para aliviar esse processo.
Embora muitas vezes pareça que as coisas, inclusive seus sentimentos, estão além de seu controle, lembre-se que existem meios saudáveis de tornar esse processo mais fácil:
Na medida do possível, não sofra sozinho(a)
É claro que algumas pessoas preferem a própria companhia no momento do luto, e não há problema nisso.
Contudo, tenha em mente que atravessar esse momento junto com outras pessoas pode ser muito benéfico para a saúde mental, e em mais do que um aspecto.
Um deles é aproveitar a presença da família e amigos para relembrar momentos felizes, comemorar a vida da pessoa falecida e, dessa forma, dizer adeus.
Isso ajudará no processo pessoal de aceitação, além de ser uma forma de aproximar entre si aqueles que ficam, e esse é o segundo aspecto.
Falar sobre nossos sentimentos para as pessoas certas sempre foi uma poderosa forma de tratamento. Dito isso, ter a companhia de alguém é fundamental caso seja necessário desabafar e receber apoio.
E esse “alguém” não precisa ser necessariamente uma pessoa ligada ao falecido.
Grupos de apoio e uma conversa com um psicoterapeuta podem ser de grande valia nesse momento.
A terapia, em particular, pode ser muito útil caso sintomas de doenças mais sérias como ansiedade e depressão estejam se manifestando.
Como já discutimos anteriormente, pensamentos suicidas também podem surgir nessa fase – nesses casos, entrar em contato com um profissional da saúde mental é o melhor a se fazer.
Essas conversas ajudam a processar melhor os sentimentos e diminuem a sobrecarga emocional.
Por isso, lembre-se: não sofra sozinho.
Cuide da sua saúde
Mudanças nos hábitos alimentares são uma das respostas possíveis à perda de alguém.
Algumas pessoas passam a se alimentar mal, seja comendo demais ou de menos. Outras buscam refúgio no álcool, cigarro, medicamentos ou outras drogas.
Esses são alguns dos chamados comportamentos autodestrutivos. Particularmente perigosos pois podem facilmente se tornar hábitos.
Por isso, é necessário dedicar certo cuidado à rotina alimentar, exercícios regulares também são recomendáveis pois além do bem que fazem para o corpo, também trazem benefícios para a mente.
De forma geral, esse é um bom momento para não economizar nas idas ao médico.
Retome sua rotina, um passo de cada vez
Tente retomar, aos poucos, as atividades que fazem parte da sua vida. Inclusive aqueles momentos de lazer.
Essas dificuldades fazem parte da vida, mas não se esqueça que os momentos de leveza também. Não é errado se sentir feliz, ou pelo menos tentar se sentir feliz.
Filmes, pequenos passeios ou caminhadas podem ser muito úteis para ajudar a lidar de maneira positiva com uma perda.
Seja paciente
Novamente, o luto e as emoções que decorrem dele são extremamente pessoais e variam muito de pessoa para pessoa, tanto em duração quanto em intensidade.
Não se force a superar uma perda, não mascare seus sentimentos e não pense que você é “fraco(a)” se precisar de mais tempo do que as outras pessoas.
Nada disso vale mais do que sua saúde.
Respeite seus sentimentos, procure apoio quando se sentir sobrecarregado(a), apoie alguém que precisa (caso esteja em posição de fazer isso).
Reflita sobre as lições que a pessoa te deixou. Absorva-as. Recupere-se. Busque honrar sua memória.