Psicoterapia – tipos, abordagens e como começar
A psicoterapia é uma das formas mais eficientes de cuidado. Conheça os principais tipos, as vantagens e como começar.
04.02.2022 | João Vitor Santos
O que é psicoterapia?
Psicoterapia é um termo geral que descreve o tratamento de perturbações mentais através de técnicas verbais e psicológicas. Durante o processo, um psicoterapeuta treinado ajuda o paciente a abordar problemas, que podem envolver um sério transtorno mental ou o simples estresse do dia a dia.
Dependendo da abordagem usada pelo psicoterapeuta, uma grande variedade de técnicas e estratégias podem ser empregadas. Quase todos os tipos de psicoterapia envolvem o desenvolvimento de uma relação terapêutica, comunicação e o esforço em busca de soluções para o problema em questão.
Tipos de psicoterapia
A psicoterapia pode assumir diferentes formatos dependendo do estilo do terapeuta e das necessidades do paciente. Alguns exemplos incluem:
- Terapia individual – Um trabalho que envolve apenas o paciente e o terapeuta;
- Terapia de casal – Nesse caso, o terapeuta trabalha com um casal ao mesmo tempo, ou seja, ambos são pacientes;
- Terapia em família – Se concentra em melhorar a dinâmica familiar e envolve 2 ou mais membros de uma família;
- Terapia em grupo – Envolve um pequeno grupo de pessoas que têm um objetivo em comum. Esse formato é ótimo para que os membros do grupo recebam apoio uns dos outros.
Abordagens
A abordagem terapêutica envolve o método que o psicoterapeuta usa para atingir as metas do processo terapêutico. Se trata de uma maneira específica de ver, interpretar e reagir a um fato ou informação. Graças a isso, diferentes abordagens lidam com determinada situação de maneiras bastante diferentes.
Entre as principais abordagens da psicologia, podemos citar:
Terapia Cognitiva
Durante os anos 1960, principalmente nos Estados Unidos, os psicólogos passaram a explorar como o pensamento influencia o comportamento e funcionamento humano.
Por exemplo, se você tende a ver apenas os aspectos negativos em toda situação, você provavelmente terá uma perspectiva mais pessimista e um humor mais sombrio.
A meta da terapia cognitiva é identificar as distorções cognitivas que levam a pensamentos assim e substituí-los por outros mais realistas e positivos. Ao fazer isso, o paciente é capaz de melhorar seu humor e bem-estar em geral.
Terapia Comportamental
Quando o behaviorismo se tornou uma escola de pensamento mais proeminente durante as primeiras décadas do século XX, técnicas de condicionamento se tornaram mais populares na psicoterapia.
Apesar de o behaviorismo não ser tão importante quanto antes, muitos dos seus métodos ainda são muito populares hoje. A terapia comportamental ainda usa várias de suas técnicas para ajudar seus clientes a alterarem comportamentos problemáticos.
Terapia Cognitivo Comportamental
A abordagem conhecida como Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) ajuda os pacientes a entenderem os pensamentos e emoções que influenciam seus comportamentos. A TCC é usada para tratar uma variedade de condições, que vão desde fobias até vícios, depressão e ansiedade.
A TCC aplica técnicas cognitivas e comportamentais para mudar pensamentos e comportamentos negativos. A abordagem ajuda a pessoa a mudar pensamentos que sejam problemáticos e evitar os comportamentos que resultam deles.
Gestalt Terapia
A psicóloga Patrícia Zanoni explica:
“A Gestalt terapia foi desenvolvida por Fritz Perls, conhecida como terapia humanista, onde a abordagem focalizou a pessoa na singularidade de sua experiência. Entendemos que como seres humanos, somos influenciados pelo nosso ambiente e nossas experiências vividas ao longo da vida. Através dessa ideia, Fritz aproveita a teoria de campo de Kurt Lewin para explicar nossas experiências vividas e a relação com nossa vida.
A Gestalt tem como metodologia de trabalho a Fenomenologia, onde é trabalhado de acordo com descrição da demanda do fato que está acontecendo.
A Gestalt é uma terapia humanista/existencial, onde acreditamos que as pessoas nascem com recursos próprios, como um ser de potencial, tendo condições de levar uma vida criativa e satisfatória.
Assim como, o existencialismo trabalhará a responsabilidade de si, onde aprendemos ao logo do tempo nos responsabilizar por nossas escolhas e atos.
As filosofias orientais também são influências para a abordagem, contribuindo para a prática de viver o aqui-agora, ou seja, no momento atual, para conseguirmos ter uma maior percepção do que acontece ao nosso redor, nos ajudando a ganhar uma maior consciência de nós mesmos.
Muitas bibliografias também, se referem à abordagem como uma terapia do Contato, por vermos o ser humano como um ser de relação.
Entendemos que para as relações acontecerem é preciso haver contato, e esse contato pode fluir com o outro de forma natural, que é quando conseguimos ter relações funcionais, mas também, esse contato pode bloquear, que é onde não conseguimos mais manter essas relações de forma funcional.
Portanto, no processo terapêutico descobrimos onde esse contato falhou para seguir com as relações da vida de forma saudável.”
Psicanálise
A psicóloga Rafaela Rocha explica:
"A psicanálise é um campo clínico e teórico de investigação do psiquismo humano, originário da medicina, desenvolvido por Sigmund Freud, médico formado em 1881.
Em 1896, Freud usou o termo “Psicanálise” pela primeira vez. A psicanálise é a primeira abordagem dentro da psicologia, enfatizando processos mentais e inconscientes, permitindo que aspectos inconscientes se tornem conscientes no campo clínico.
A mente humana dentro da psicanálise freudiana é formada por três elementos, o id sendo guiado pelo princípio do prazer sem regras a serem seguidas, o ego sendo guiado pelo princípio de realidade e o superego sendo a censura, o medo da punição.
A mente inconsciente que está fora de nossa percepção inclui memórias de nossa infância, desejos secretos e impulsos ocultos, embora esses pensamentos, memórias e impulsos que estão fora de nossa consciência continuam a ocorrer da maneira como pensamos, agimos e nos comportamos.
Na psicanálise, a prática clínica é de associação livre, onde o paciente fala sobre o que vem à mente durante uma sessão, trazendo memórias reprimidas inconscientemente.
A terapia psicanalítica é vista como um processo demorado, pois Freud acreditava que as pessoas poderiam ser curadas tornando conscientes seus pensamentos e motivações inconscientes, obtendo assim um insight, o que pode ser um processo longo."
Junguiana
Essa abordagem surgiu como consequência do trabalho de Carl Jung e é conhecida pelo frequente uso do conceito de Inconsciente.
O Inconsciente descreve qualquer aspecto a seu respeito do qual você não tem conhecimento conscientemente.
Através da exploração do Inconsciente, essa abordagem se provou muito útil para pessoas que sofrem com depressão, ansiedade, vícios diversos, autoestima baixa, entre outros.
Essa é uma abordagem com uma relação mais prolongada entre psicólogo e paciente. Não raro, as sessões ocorrem ao longo de meses, mas o tempo exato de duração do contato varia de caso a caso e deve ser definido com o terapeuta.
Behaviorista
O behaviorismo surgiu na segunda década do século XX e tem como premissa básica a ideia de que todo nosso comportamento deriva quase que exclusivamente do ambiente em que vivemos.
Dessa forma, pensamentos e emoções não são o foco dessa abordagem. O comportamento é o objeto de maior interesse.
Como consequência disso, essa abordagem propõe que mudanças (por menores que sejam) no contexto de vida das pessoas, podem contribuir para modificar seu comportamento.
O behaviorismo encontra boa aplicação no contexto da aprendizagem. Porém, também é utilizada em quadros de depressão, combate de vícios e relacionamentos.
Humanista
Criada como uma contraposição a ambas as abordagens citadas anteriormente, a psicologia humanista considera que cada ser humano é único, fortemente influenciado por suas emoções e pensamentos conscientes.
O resultado disso é uma abordagem que direciona seu foco para o indivíduo como um todo. Não apenas aos seu subconsciente ou contexto de vida, entre outros.
Por conta desse foco na figura humana, a sessão de terapia humanista não tem uma estrutura predeterminada: tudo depende do cliente.
Dessa forma, a própria participação ativa do indivíduo na terapia é o que permite que o terapeuta conheça e inicie uma conexão entre ambos.
Graças a essas características, a terapia humanista encontra boa aplicação nos campos da educação, autovalorização e terapia motivacional.
Psicologia Clínica
O psicólogo Alysson Aquino explica:
"Etimologicamente, o conceito de Clínica vem do grego Kliné e faz referência a: estender-se, deitar, estar de cama, cuidado médico ao indivíduo acamado. Trata-se de um termo historicamente utilizado na prática médica.
Por sua vez, o termo Psicologia Clínica foi utilizado a partir de 1896 para descrever procedimentos de observação, descrição e classificação - procedimentos diagnósticos - utilizados junto à clínica médica.
Atualmente, podemos dizer que a ideia de clínica possui múltiplas significações: um local de trabalho, um campo de trabalho, uma abordagem, a ação terapêutica, uma área de conhecimento, um método, um instrumento, um modelo, um ramo da psicologia, uma estratégia, uma psicologia aplicada, uma postura.
Esta multiplicidade de significações demonstra mais do que decorrência das diferentes atuações dos psicólogos em diversos campos e com vários profissionais; ou as diferenças de cada psicólogo para consigo mesmo; ou ainda dos saberes de ofício que impregnam as teorias de habilidades práticas e experiências pessoais.
A multiplicidade deve-se ao fato de que entre as "psicologias" não há consenso acerca de seus pressupostos básicos, ontológicos e epistemológicos: nem sobre seu objeto, ou o que seja o "psicológico" e como conhecê-lo, ou ainda sobre os "critérios de cientificidade".
Todavia, para superar este impasse, podemos encarar a Clínica a partir de uma Ética, compreendida como uma instalação do humano. Desse modo, olhamos ela enquanto uma prática social concreta, exercida nas organizações de caráter público ou privado.
Assim, a Clínica é uma instituição presente em vários âmbitos da vida social, e poder-se-ia persegui-la através dos registros, ideias e imagens que detemos, captamos, emitimos e construímos sobre os mais diversos acontecimentos com os quais atuamos."
Em quais situações a psicoterapia pode ajudar
Como vimos, a psicoterapia pode acontecer em diversos formatos e através de diferentes abordagens. Entretanto, o objetivo é sempre ajudar o paciente a desenvolver estratégias de enfrentamento, superar desafios e viver uma vida mais feliz e saudável.
Se você não está se sentindo mentalmente bem, uma conversa com um profissional da saúde mental ajudará a entender o que está acontecendo e o que você pode fazer a respeito. Psicólogos podem ajudar a tratar uma variedade de transtornos mentais, como:
- Vício;
- Transtornos de ansiedade;
- Transtorno bipolar;
- Depressão;
- Transtornos alimentares;
- Transtorno obsessivo compulsivo;
- Fobias;
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT);
- Transtorno de abuso de substância.
Além disso, a psicoterapia também ajuda pessoas que estão enfrentando:
- Dor crônica ou doença séria;
- Divórcio ou término;
- Luto;
- Insônia;
- Autoestima baixa;
- Problemas nos relacionamentos;
- Estresse.
Como aproveitar a psicoterapia ao máximo
A eficácia da psicoterapia pode variar dependendo de muitos fatores. A natureza e a severidade do seu problema desempenham um papel, mas existem coisas que estão sob seu controle, algumas delas são:
- Ser honesto(a) com seu terapeuta – Não esconda seus pensamentos e sentimentos. Para que o profissional possa te ajudar, é preciso que você seja espontâneo(a) e honesto(a) com ele; Revelar suas emoções – Não tente esconder sentimentos negativos como vergonha, raiva, medo ou inveja. Falar sobre essas emoções na terapia te dará a oportunidade de entendê-las e transformá-las;
- Dar uma chance ao processo – Procure criar uma genuína parceria com seu terapeuta. Pesquisas sugerem que a terapia é mais eficiente quando o paciente sente uma conexão com o profissional que está fazendo o tratamento;
- Não faltar às sessões – Se esforce para seguir seu plano de tratamento. A eficácia do tratamento depende muito do seu comprometimento;
- Fazer as atividades – Se seu terapeuta passar atividades para você fazer fora das sessões, procure sempre terminar antes do próximo atendimento.
Benefícios da psicoterapia
A psicoterapia é um tipo de tratamento bastante versátil. Seus benefícios alcançam tanto pessoas com transtornos mentais sérios quanto alguém que está ‘apenas’ mais estressado que o usual.
Alguns benefícios da psicoterapia incluem:
- Melhora as habilidades de comunicação;
- Padrões de pensamento mais saudáveis e mais alerta aos pensamentos negativos;
- Percepções melhores sobre a vida;
- Habilidade de fazer escolhas mais saudáveis;
- Melhores estratégias de enfrentamento contra o estresse;
- Laços familiares mais fortes.
Como saber se você precisa de psicoterapia
Talvez você concorde que a psicoterapia ajuda a lidar com os problemas da vida, mas ainda pode ser difícil saber quando exatamente você precisa falar com um psicoterapeuta. Alguns sinais importantes são:
- O problema está causando aflição significativa – Se você sente que o problema que está enfrentando afeta áreas importantes da sua vida, como trabalho, estudos ou relacionamentos, pode ser hora de procurar a psicoterapia;
- Você está usando mecanismos de enfrentamento nocivos – Se você percebe que está enfrentando seus problemas de maneira pouco saudável, como fumando, bebendo, comendo demais ou descontando nos outros, saiba que um psicoterapeuta ajudará você a encontrar estratégias de enfrentamento mais saudáveis;
- Amigos e familiares estão preocupados com seu bem-estar – Se chegou ao ponto de as pessoas próximas estarem preocupadas com a sua saúde mental, provavelmente também é hora de procurar ajuda com um profissional da saúde mental;
- Nada que você tentou até então ajudou – Se você leu livros de autoajuda, tentou técnicas que aprendeu na internet, ou simplesmente tentou ignorar o problema e nada disso funcionou, considere dar uma chance à psicoterapia.
Um mal-entendido comum sobre a psicoterapia é que você começará a se sentir melhor imediatamente. Enquanto isso pode ser verdade para algumas pessoas em algumas situações, nem sempre esse é o caso. Lembre-se que a psicoterapia é um processo que depende muito da abordagem, do paciente e do problema enfrentado.
Dicas para quando você for praticar psicoterapia
Se você acredita que a psicoterapia é uma boa ideia para você ou uma pessoa querida, considere algumas dicas importantes, como:
- Buscar um profissional qualificado – As pessoas que oferecem a psicoterapia podem ter vários títulos, sendo os psicólogos e os psiquiatras os mais comuns; a maior diferença entre esses dois profissionais é o fato de que os psiquiatras podem receitar medicamentos, enquanto os psicólogos não o fazem. Além disso, psicanalistas e agentes sociais certificados, entre outros, também podem oferecer esse serviço;
- Escolher o psicoterapeuta certo – O psicoterapeuta será um aliado que terá acesso a muitas informações pessoais suas. Por isso, escolha um profissional com quem você se sinta confortável e à vontade para falar abertamente sobre aquilo que está sentindo.
- Não ter medo de trocar de psicoterapeuta – A psicoterapia é tanto uma arte quanto uma ciência. Se as sessões não parecem úteis ou se você não se conectou tão bem com seu terapeuta, não hesite em procurar um novo profissional. Lembre-se que sentir-se confortável é fundamental.
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