Psicoterapia

O Que É Contratransferência?

A contratransferência diz respeito aos sentimentos e emoções que o terapeuta experimenta durante a sessão, veja como esse fenômeno atinge o psicólogo e seu paciente

O Que É Contratransferência?

Na teoria psicanalítica, a contratransferência ocorre quando o terapeuta projeta no cliente seus próprios conflitos não resolvidos. Isso pode ser uma resposta a algo que o cliente descobriu.

Embora muitos agora acreditem que seja inevitável, a contratransferência pode ser prejudicial se não for gerida de forma adequada. Com monitoramento adequado, entretanto, algumas pesquisas mostram que a contratransferência pode desempenhar um papel produtivo na relação terapêutica.

Transferência vs. Contratransferência

A Associação Americana de Psicologia define a contratransferência como uma reação ao cliente ou à transferência do cliente, que ocorre quando o cliente projeta seus próprios conflitos no terapeuta.

A transferência é uma parte normal da terapia psicodinâmica. No entanto, é função do terapeuta reconhecer a contratransferência e fazer o que for necessário para permanecer neutro.

Quatro tipos de contratransferência

Existem quatro manifestações de contratransferência. Três deles podem potencialmente prejudicar a relação terapêutica.

  • Subjetiva: As questões não resolvidas do próprio terapeuta são a causa. Isso pode ser prejudicial se não for detectado;
  • Objetiva: A reação do terapeuta aos comportamentos desadaptativos de seu cliente é a causa. Isso pode beneficiar o processo terapêutico;
  • Positiva: O terapeuta dá apoio excessivo, tentando muito fazer amizade com o cliente e revelando demais. Isso pode prejudicar a relação terapêutica;
  • Negativa: O terapeuta age contra sentimentos desconfortáveis de forma negativa, incluindo ser excessivamente crítico e punir ou rejeitar o cliente.

A contratransferência é especialmente comum em terapeutas iniciantes, por isso os supervisores prestam muita atenção e os ajudam a se tornarem mais autoconscientes.

A comunidade de saúde mental apoia médicos experientes, instando-os a procurar revisão por pares e orientação de supervisão, conforme necessário. Em vez de eliminar completamente a contratransferência, o objetivo é usar esses sentimentos de forma produtiva.

Sinais de alerta de contratransferência

Como um terapeuta sabe que está vivenciando a contratransferência? Se você é um cliente, como saber se seu terapeuta está apresentando sinais disso? Se você está preocupado com a presença da contratransferência em seu relacionamento terapêutico, esteja atento a estes sinais de alerta.

Na terapia de adultos

Em geral, esteja atento para saber se o terapeuta tem uma resposta emocional inadequada ao cliente. Isso pode ser parecido com:

  • Uma antipatia irracional pelo cliente ou sentimentos positivos excessivos em relação ao cliente;
  • Tornar-se excessivamente emocional e preocupado com o caso do cliente entre as sessões;
  • Temer a sessão de terapia ou sentir-se desconfortável durante a sessão.

Na terapia infantil

Os sinais de alerta em nome do terapeuta incluem:

  • Fantasias de resgatar a criança de sua situação;
  • Ignorar o comportamento desviante da criança;
  • Incentivar a criança a agir.

Aqui está um exemplo de como poderia ser a contratransferência: Um terapeuta fica preocupado quando desenvolve sentimentos de proteção por um cliente. Em discussões com um colega, perceberam que o cliente os lembrava da irmã, levando à contratransferência.

Impacto na terapia

Embora fosse originalmente um conceito psicanalítico, a contratransferência foi adotada e hoje é usada em outras formas de terapia. Embora seja importante para o seu terapeuta se proteger contra sentimentos de contratransferência em relação a você, a contratransferência também foi considerada benéfica.

Numa revisão sistemática de 25 estudos de contratransferência, os investigadores encontraram uma associação com contratransferência positiva, como sentir-se próximo do cliente, e resultados positivos, incluindo melhoria dos sintomas e uma boa relação terapêutica.

Além disso, uma metanálise de 2018 publicada no Editorial "Psicoterapia" examinou o efeito da contratransferência na terapia e observou os potenciais efeitos negativos e também os resultados benéficos quando esta era bem gerida.

O que fazer

Se você acha que seu terapeuta está vivenciando a contratransferência, você pode conversar com ele se e quando for o momento certo. Seu terapeuta deve ser receptivo à sua preocupação. Se você estiver se sentindo desconfortável e essa contratransferência estiver atrapalhando uma terapia eficaz, talvez seja hora de procurar um novo médico.

Os terapeutas também podem tomar medidas para gerenciar a contratransferência. A metanálise de 2018 recomenda que os terapeutas se monitorem de perto e trabalhem nos seus conflitos através de psicoterapia pessoal, meditação e autocuidado. Eles também podem considerar a supervisão clínica.

História da Contratransferência

Sigmund Freud descreveu a contratransferência pela primeira vez em 1910. As atitudes em relação ao conceito mudaram ao longo do tempo. Freud definiu-o pela primeira vez como uma reação à transferência de um cliente, e foi considerado em grande parte prejudicial à terapia.

Porém, esse pensamento mudou por volta da década de 1950, quando a contratransferência passou a ser vista como algo que poderia ser positivo. A definição de contratransferência também foi ampliada para incluir qualquer reação que um terapeuta tivesse em relação a um cliente.

Uma última dica

A contratransferência é comum e nem sempre é uma coisa ruim. Se você acha que isso pode estar afetando seu relacionamento terapêutico, sinta-se capacitado para abordar o assunto com seu terapeuta. Se ter essa conversa deixa você desconfortável, isso é compreensível. Mas pode significar que é hora de seguir em frente e encontrar um terapeuta que seja mais adequado para você.

João Vitor Gomes dos Santos
João Vitor Gomes dos Santos

Engenheiro Mecânico, através da convivência na universidade se conscientizou da importância do bem-estar mental. Para promover e acessibilizar os cuidados com a mente, cofundou a PsyMeet. Convencido da importância da saúde mental para uma vida feliz, está sempre lendo, assistindo e ouvindo sobre o tema. Instagram @dosantosjv

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