Como Perdoar a Si Mesmo?

Descubra por que o autoperdão pode ser benéfico e explore algumas etapas que podem ajudá-lo a aprender a perdoar a si mesmo

13.06.2023 | João Vitor Santos

O perdão costuma ser definido como uma decisão deliberada de deixar de lado sentimentos de raiva, ressentimento e retribuição em relação a alguém que você acredita que o prejudicou. No entanto, embora você possa ser bastante generoso em sua capacidade de perdoar os outros, pode ser muito mais duro consigo mesmo.

Todo mundo comete erros, mas aprender a aprender com esses erros, deixar ir, seguir em frente e perdoar a si mesmo é importante para a saúde mental e o bem-estar.

Aprendendo a se Perdoar

O autoperdão não é se livrar de si mesmo, nem é um sinal de fraqueza. O ato de perdoar, seja você perdoando a si mesmo ou a alguém que o prejudicou, não sugere que você está tolerando o comportamento. Para perdoar a si mesmo, você deve:

Entenda suas emoções

• Aceite a responsabilidade pelo que aconteceu;
• Trate-se com bondade e compaixão;
• Expresse remorso por seus erros;
• Faça as pazes e peça desculpas (incluindo pedir desculpas a si mesmo);
• Procure maneiras de aprender com a experiência;
• Concentre-se em fazer melhores escolhas no futuro.

Perdão significa que você aceita o comportamento, aceita o que aconteceu e está disposto a superar isso e seguir em frente com sua vida sem ruminar sobre eventos passados que não podem ser mudados. Uma abordagem terapêutica para o autoperdão sugere que quatro ações podem ser úteis.

Os 4 R's do Autoperdão

• Responsabilidade;
• Remorso;
• Restauração;
• Renovação.

Entenda suas emoções

Tornar-se consciente das emoções que você está experimentando é uma parte importante de aprender a perdoar a si mesmo. A pesquisa descobriu que identificar e rotular sua emoção pode ajudar a reduzir a intensidade de seus sentimentos. Isso pode ajudá-lo a regular melhor as emoções, incluindo aquelas ligadas a sentimentos de culpa e vergonha.

Aceite a responsabilidade por suas ações

Perdoar a si mesmo é mais do que apenas deixar o passado para trás e seguir em frente. Trata-se de aceitar o que aconteceu e mostrar compaixão por si mesmo.

Enfrentar o que você fez ou o que aconteceu é o primeiro passo para o autoperdão. É também o passo mais difícil. Se você tem dado desculpas, racionalizado ou justificado suas ações para fazê-las parecer aceitáveis, é hora de enfrentar e aceitar o que você fez.

Ao assumir a responsabilidade e aceitar que você se envolveu em ações que feriram outras pessoas, você pode evitar emoções negativas, como arrependimento excessivo e culpa.

Trate-se com bondade e compaixão

Perdoar a si mesmo requer confrontar suas ações e mostrar remorso pelo que aconteceu, mas é importante abordar isso com autocompaixão. A chave é tratar a si mesmo com a mesma gentileza que você mostraria a outra pessoa.

Tente evitar ser autocrítico e, em vez disso, seja compassivo, embora reconheça que cometeu um erro e deseja fazer melhor no futuro.

Expresse remorso por seus erros

Como resultado de assumir a responsabilidade, você pode experimentar uma série de sentimentos negativos, incluindo culpa e vergonha. Quando você faz algo errado, é completamente normal, até mesmo saudável, sentir-se culpado por isso. Esses sentimentos de culpa e remorso podem servir como um trampolim para uma mudança positiva de comportamento.

Enquanto a culpa implica que você é uma boa pessoa que fez algo ruim, a vergonha faz com que você se veja como uma pessoa má. Isso pode trazer à tona sentimentos de inutilidade que, se não forem resolvidos, podem levar ao vício, depressão e agressão. Entenda que cometer erros pelos quais você se sinta culpado não o torna uma pessoa má nem prejudica seu valor intrínseco.

Aprenda com a experiência

Todo mundo comete erros e tem coisas pelas quais sente pena ou arrependimento. Cair na armadilha da ruminação, do ódio por si mesmo ou até da pena pode ser prejudicial e dificultar a manutenção da autoestima e da motivação.

Perdoar a si mesmo geralmente requer encontrar uma maneira de aprender com a experiência e crescer como pessoa. Para fazer isso, você precisa entender por que se comportou daquela maneira e por que se sente culpado.

Que medidas você pode tomar para evitar os mesmos comportamentos novamente no futuro? Sim, você pode ter errado, mas foi um aprendizado que pode te ajudar a fazer escolhas melhores no futuro.

Tente fazer melhor

Perdoar a si mesmo também significa fazer um esforço ativo para fazer melhor no futuro. Ao abordar situações semelhantes, reflita sobre como você se sentiu em relação aos seus erros do passado. Em vez de se sentir culpado pelos erros do passado, lembre-se do que aprendeu e como pode usar esse conhecimento e experiência para orientar suas ações no futuro.

Limitações de perdoar a si mesmo

Embora o autoperdão seja uma prática poderosa, é importante reconhecer que esse modelo não se destina a pessoas que se culpam injustamente por algo pelo qual não são responsáveis.

As pessoas que sofreram abuso, trauma ou perda, por exemplo, podem sentir vergonha e culpa mesmo que não tenham controle. Isso pode ser particularmente verdadeiro quando as pessoas sentem que deveriam ter sido capazes de prever e, portanto, evitar um resultado negativo (um exemplo do que é conhecido como viés de retrospectiva).

Benefícios de se perdoar

O axioma padrão dentro da psicologia tem sido que o perdão é uma coisa boa e que traz uma série de benefícios, quer você tenha sofrido uma pequena ofensa ou tenha sofrido uma queixa muito mais séria. Isso inclui perdoar os outros e a si mesmo.

Saúde mental

Deixar ir e oferecer perdão a si mesmo pode ajudar a aumentar seus sentimentos de bem-estar e melhorar sua imagem de si mesmo. Numerosos estudos demonstraram que quando as pessoas praticam o autoperdão, elas experimentam níveis mais baixos de depressão e ansiedade. Da mesma forma, a autocompaixão está associada a níveis mais altos de sucesso, produtividade, foco e concentração.

Saúde física

O ato de perdoar também pode impactar positivamente sua saúde física. Pesquisas mostram que o perdão pode melhorar os níveis de colesterol, reduzir a dor corporal e a pressão sanguínea e diminuir o risco de ataque cardíaco.

Relacionamentos

Ter uma atitude compassiva e misericordiosa em relação a si mesmo também é um componente crítico de relacionamentos bem-sucedidos. Ser capaz de forjar laços emocionais estreitos com outras pessoas é importante, mas também é importante a capacidade de reparar esses laços quando eles se tornam tensos ou danificados.

Um estudo descobriu que ambas as partes se beneficiam quando o “parceiro agressor" mostra autoperdão. Especificamente, ambos os parceiros tendem a sentir mais satisfação no relacionamento e têm menos pensamentos negativos um sobre o outro como resultado do auto perdão genuíno.

Desafios para perdoar a si mesmo

Então, o que torna o autoperdão tão difícil às vezes? Por que as pessoas muitas vezes continuam a se punir e se repreender por erros relativamente pequenos? Engajar-se em ações que não estão de acordo com nossos próprios valores ou crenças pode levar a sentimentos de culpa e arrependimento – ou pior, auto-aversão.

Algumas pessoas são naturalmente mais propensas à ruminação, o que pode facilitar a concentração em sentimentos negativos. O fato de o autoperdão envolver o reconhecimento de erros e a admissão de que você pode precisar mudar pode tornar o processo mais desafiador.

Por fim, as pessoas que ainda não estão prontas para mudar podem achar mais difícil perdoar a si mesmas de verdade. Em vez de admitir que precisam mudar, eles podem se envolver em uma espécie de pseudo-autoperdão simplesmente ignorando ou desculpando seu comportamento.

Potenciais Desvantagens de Perdoar a Si Mesmo

Embora o autoperdão seja geralmente considerado uma ação positiva que pode ajudar a restaurar o senso de identidade, também há pesquisas indicando que às vezes pode ter um efeito prejudicial. A maior armadilha do autoperdão é que às vezes pode reduzir a empatia por aqueles que foram feridos por suas ações.

Embora o autoperdão geralmente alivie os sentimentos de culpa, há momentos em que esse foco interno pode dificultar a identificação com os outros. Você pode evitar isso praticando conscientemente a empatia com aqueles que foram afetados por suas ações.