Punição em Psicologia
Veja aqui como a punição é definida na psicologia, se é funcional aplicá-la, sua eficácia, desvantages e consequências
24.04.2023 | João Vitor Santos
Punição é um termo usado na psicologia do condicionamento operante para se referir a qualquer mudança que ocorre após um comportamento que reduz a probabilidade de que esse comportamento ocorra novamente no futuro. Enquanto reforços positivos e negativos são usados para aumentar comportamentos, a punição é focada em reduzir ou eliminar comportamentos indesejados.
A punição é muitas vezes erroneamente confundida com reforço negativo. A diferença: o reforço aumenta as chances de ocorrência de um comportamento e a punição diminui as chances de ocorrência de um comportamento.
Tipos de Punição
O behaviorista B. F. Skinner, o psicólogo que primeiro descreveu o condicionamento operante, identificou dois tipos diferentes de estímulos aversivos que podem ser usados como punição:
- Punição positiva: Este tipo de punição também é conhecido como "punição por aplicação". A punição positiva envolve a apresentação de um estímulo aversivo após a ocorrência de um comportamento. Por exemplo, quando um aluno fala fora de hora no meio da aula, o professor pode repreender a criança por interromper;
- Punição negativa: Este tipo de punição também é conhecido como "punição por afastamento". A punição negativa envolve retirar um estímulo desejável após a ocorrência de um comportamento. Por exemplo, quando o aluno do exemplo anterior fala fora de hora novamente, o professor prontamente diz à criança que ela terá que perder o recreio por causa de seu comportamento.
Eficácia
Embora a punição possa ser eficaz em alguns casos, você provavelmente pode pensar em alguns exemplos de quando uma punição não reduz consistentemente o comportamento indesejado. A prisão é um exemplo. Depois de serem enviadas para a prisão por um crime, as pessoas muitas vezes continuam cometendo crimes quando são libertadas da prisão.
Por que a punição parece funcionar em alguns casos, mas não em outros? Os pesquisadores descobriram dois fatores que contribuem para a eficácia da punição em diferentes situações.
Primeiro, a punição é mais eficaz se for aplicada rapidamente. As sentenças de prisão muitas vezes ocorrem muito depois de o crime ter sido cometido, o que pode ajudar a explicar uma das razões pelas quais o envio de pessoas para a prisão nem sempre leva a uma redução do comportamento criminoso.
Em segundo lugar, a punição alcança melhores resultados quando aplicada de forma consistente. Pode ser difícil administrar uma punição toda vez que um comportamento ocorre. Por exemplo, as pessoas geralmente continuam a dirigir acima do limite de velocidade mesmo depois de receberem uma multa por excesso de velocidade. Por que? Porque o comportamento é punido de forma inconsistente.
É mais provável que a punição leve a uma redução no comportamento se seguir imediatamente o comportamento e for aplicada de forma consistente.
Desvantagens e Consequências
A punição também tem algumas desvantagens notáveis. Em primeiro lugar, qualquer mudança de comportamento que resulte da punição geralmente é temporária. “É provável que o comportamento punido reapareça depois que as consequências punitivas forem retiradas”, explicou Skinner em seu livro “Beyond Freedom and Dignity”.
Talvez a maior desvantagem seja o fato de que a punição não oferece nenhuma informação sobre comportamentos mais apropriados ou desejados. Embora os sujeitos possam estar aprendendo a não realizar certas ações, eles não estão realmente aprendendo nada sobre o que deveriam estar fazendo.
Outra coisa a considerar sobre a punição é que ela pode ter consequências não intencionais e indesejáveis. Por exemplo, uma pesquisa de 2014 na América descobriu que quase metade dos pais admitiram ter espancado seus filhos mais novos (de 9 anos ou menos) no ano passado.
Pesquisadores descobriram que esse tipo de punição física pode levar a comportamento antissocial, agressão e delinquência entre as crianças.
Por esse motivo, Skinner e outros psicólogos sugerem que quaisquer ganhos potenciais de curto prazo do uso da punição como uma ferramenta de modificação de comportamento precisam ser pesados em relação às possíveis consequências de longo prazo.