Saúde Mental

Os Sonhos e a Psicologia Analítica

Veja aqui a relação entre os sonhos e a Psicologia Analĩtica e descubra também qual o papel dos sonhos

Os Sonhos e a Psicologia Analítica

A experiência que ocorre enquanto o corpo encontra-se em repouso, abrange um fenômeno conhecido como sonho. A psicanálise e a psicologia analítica, alinham os sonhos à nossa vivência no mundo consciente (acordado por assim dizer). As imagens oníricas - ou pensamentos e ideias traduzidas em forma de imagens – tem o propósito de levar à vida consciente conteúdos que estão inconscientes. Esses conteúdos são mensagens simbólicas.

Carregado de simbologia, os sonhos para Freud na psicanálise revelam como uma forma que o homem pode ter encontrado de uma realização egóica dos desejos antes reprimidos pela vida consciente, na tentativa de evitar situações desagradáveis que porventura poderiam se tornar traumas.

Jung foi um pouco além, falou sobre as imagens arquetípicas na tentativa de exemplificar as diversas simbologias que os sonhos carregam, denunciando diversos conceitos conectados. Retrata os sonhos como o responsável pela regulação do equilíbrio das energias físicas e mentais.

Não sonhar para essas duas psicologias pode estar relacionado a uma má relação que seu inconsciente pode estar tendo com o consciente.

Este artigo oferece a possibilidade de um olhar diferente para os sonhos na perspectiva da psicologia analítica. Essa que tem como objeto de estudo o humano enquanto indivíduo único e heterogêneo, considerando e acordando com o movimento humanista.

Estabilidade psíquica

Enquanto a Psicanálise inicialmente apresenta os sonhos como uma forma de realização de desejos reprimidos, Jung com a Psicologia analítica apresenta a tentativa dos sonhos como indicador da balança psíquica em sua totalidade, ele chamou essa integração total de arquétipo do Self. O Arquétipo do Self é o princípio organizador da personalidade, principal arquétipo, o centro, parte integrante da transformação.

Como tornar mais tangível a interpretação e análise dos sonhos dentro da psicoterapia?

Existem utilizações de técnicas que visam redistribuir e integrar as estruturas psicológicas referentes à personalidade, isso irá permitir compreender os sonhos de tal forma que será possível explicar e intervir diretamente na construção dessa interpretação.

Algumas delas são:

  • Desenho livre;
  • Caixa de areia;
  • Descrição dos sonhos;
  • Técnicas de respiração;
  • Visualização ou imaginação ativa.

Guiado de meditação com ajuda da imaginação, essa é uma forma de acessar e conectar os fenômenos psíquicos do inconsciente constituindo um contato mais ou menos claro com o consciente.

  • A mandala.

Uma forma que a psique pode ser representada e apresentada simbolicamente de forma espontânea a vida consciente.

Inconsciente Coletivo

Os sonhos se apresentam normalmente através de imagens na vida inconsciente, essas imagens têm relação com o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.

O inconsciente pessoal está ligado a experiência que adquirimos subjetivamente, ela é unicamente relacional há como vivenciamos o mundo desperto, por exemplo, algo que sentimos, pensamos, percebemos, mas foi esquecido ou reprimido. Então ela cai no inconsciente pessoal.

O inconsciente coletivo segundo Jung existe por si só. É a camada mais profunda da psique humana, enquanto o pessoal é desenvolvido e percorrido à medida que uma pessoa vive, o coletivo é herdado pelos nossos antepassados e ancestrais. Sentimentos, lembranças e pensamentos que são compartilhados por toda humanidade.

Exemplo: O que se entende sobre mãe? O valor da palavra é atribuído para além do consanguíneo. Estamos falando do arquétipo materno relacionado a todas as imagens que o humano possui alimentado na mente, sobre mãe. Você consegue identificar vários exemplos (Iemanjá, Virgem Maria, Gaia, Deméter) de tipos de mãe ligados à sua vivência (em relação ao inconsciente pessoal) e também os não ligados à sua vivência e nem todos possuem aspectos positivos, essa capacidade de pensar para além do que você tem de experiência é atribuído a capacidade que a humanidade tem de compartilhar ao passar dos tempos.

Então quando eu consigo trazer pra fora, falar sobre, pensar e imaginar, é destruído do inconsciente? Não, porque ele está enlaçado. É do coletivo.

Arquétipos

Nos estudos sobre arquétipos Jung faz referência a diversos modelos inatos, diz ainda que os arquétipos servem de parâmetros para o desenvolvimento da personalidade humana.

O homem perde a habilidade de produção e compreensão simbólica, prática que agora é reservada ao inconsciente, este que constrói e abarca os arquétipos.

Existe um arquétipo para cada situação que ocorre na vida consciente (Acordado). São inúmeros arquétipos que através do inconsciente coletivo se potencializam e desenvolvem de maneira autônoma, sua energia tem personalidade própria e são completamente individualizados.

Em um mesmo sonho podem surgir 2 ou 7 arquétipos interagindo entre si.

Os principais são:

  • Persona;
  • Anima;
  • Animus;
  • Sombra;
  • Self.

Outros:

  • O pai;
  • A mãe;
  • Criança;
  • Velho sábio;
  • Herói;
  • A donzela;
  • O malandro.

Funções dos sonhos

Como foi apresentado inicialmente, os sonhos têm função importante na equação da relação de equilíbrio do inconsciente com o consciente.

Os sonhos marcam uma forma de dialética entre os dois, na complexa tentativa de caminharem juntos.

Como já percebido, o inconsciente tem sua comunicação marcada expressivamente por imagens simbólicas carregadas afetivamente que podem marcar a vida acordado e consciente, Jung também chamou isso de complexos. Contudo, o consciente se comunica de forma racional, marcada por palavras e pelo mundo literal.

Outra função importante que os sonhos podem ter, está relacionada ao objetivo de modificação da atitude consciente. Existem sonhos que são extremamente significativos e a posição contrária no inconsciente é apresentada tão fortemente em relação a posição consciente que o indivíduo é transformado.

Os sonhos aqui são apresentados como uma forma mais clara para o processo de transformação individual e humano, que temos em nós mesmos, ainda que não estejamos porventura no processo psicoterápico.

Conclusão

O sonho aqui se apresenta como uma forma dentro da capacidade humana de alcançar no seu processo interno em relação com o externo, ou de individuação (processo de individuação é onde o consciente e o inconsciente vivem uma relação de confronto dialógico; eles também se unem nos símbolos com o objetivo de tornar o humano quem ele realmente é) ou seja, equilíbrio.

Com a relação que a inconsciente e consciente tentam estabelecer, revelando as causas que provocam a angústia, questionamentos ou qualquer desarmonia que possa acontecer com o indivíduo em muitos momentos de sua vida.

Possuem mecanismos que buscam indicar que a balança psíquica está à procura de estabilidade e se valem do simbolismo, que é acarretado de grande energia psíquica, solicitando maior atenção por parte do inconsciente e trazendo a vivência de experiências que são indispensáveis para que sejam compreendidos os conteúdos dos sonhos.

Referências

Artigo do meu TCC - COMO A INDIVIDUAÇÃO PODE SER COMPREENDIDA NA ANÁLISE DOS SONHOS NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA ANALÍTICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Alex Junio Gonçalves Silva
Alex Junio Gonçalves Silva

Psicólogo Clínico, Escolar e Hospitalar. Atuo na saúde desde 2018 e desde então tenho me aprofundado mais nas questões humanas à luz da psicologia analítica, na promoção e prevenção da psique humana, e também na psicoeducação. Como negro, gay, deficiente auditivo entre outras questões acerca da minha atuação, integro minhas experiências a minha imagem profissional, buscando sempre a escuta clínica e o vínculo afetivo como parte indispensável de ser humano e Psicólogo. Vamos fazer terapia? Instagram: @psicologoarex

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