Antipsicóticos típicos – Como funcionam e efeitos colaterais
Saiba mais sobre as aplicações desta classe de medicamentos que surgiu nos anos 50.
16.03.2022 | João Vitor Santos
Os antipsicóticos típicos, às vezes chamados de antipsicóticos de primeira geração, são uma classe de drogas psicotrópicas usadas para tratar os sintomas da psicose. A psicose é definida como um comportamento em que uma pessoa perde o contato com a realidade, muitas vezes manifestando-se com alucinações e delírios.
Os antipsicóticos típicos foram amplamente suplantados nos últimos anos por uma nova classe de medicamentos conhecidos como antipsicóticos atípicos. Os antipsicóticos atípicos foram introduzidos pela primeira vez na década de 1990 e geralmente têm menos efeitos colaterais do que seus antecessores.
No entanto, as evidências sugerem que os antipsicóticos atípicos não são tão livres de efeitos colaterais como se acreditava. Na verdade, eles são mais propensos a causar diabetes tipo 2 e ganho de peso.
Por outro lado, os antipsicóticos típicos são mais propensos a causar rigidez e espasticidade semelhantes à doença de Parkinson (às vezes permanente) e discinesia tardia (um distúrbio neurológico caracterizado por movimentos corporais repetitivos e involuntários).
Apesar dos possíveis efeitos colaterais, os antipsicóticos típicos ainda têm seu lugar no tratamento de certas doenças mentais, bem como em terapias subsequentes quando outras drogas falham.
Condições associadas com episódios psicóticos
A psicose pode ser causada por doenças psiquiátricas ou físicas que afetam o cérebro e o comportamento. As doenças mentais mais comumente associadas a um episódio psicótico incluem:
- Transtorno bipolar;
- Esquizofrenia;
- Transtorno de estresse pós-traumático;
- Depressão psicótica;
- Psicose pós-parto.
As condições físicas mais comumente associadas à psicose incluem epilepsia, infecção pelo HIV, doença de Parkinson, acidente vascular cerebral, tumores cerebrais, demência relacionada ao envelhecimento e abuso de anfetaminas.
Antipsicóticos típicos aprovados para o consumo
Os antipsicóticos típicos foram desenvolvidos pela primeira vez na década de 1950 para tratar a psicose. Desde então, o uso das drogas foi expandido para incluir mania aguda, agitação e outros distúrbios graves do humor.
Dependendo dos seus sintomas, o médico pode optar por usar um antipsicótico típico de baixa, média ou alta potência. De um modo geral, os de baixa potência têm efeitos colaterais mais intoleráveis, mas são um pouco menos propensos a causar distúrbios de movimento. Isso nem sempre é o caso, é claro, e a escolha da droga depende tanto de seu uso adequado quanto de sua potência.
No fim das contas, os antipsicóticos típicos não são homogêneos. Dessa forma, o tratamento deve sempre ser individualizado, embora possa levar várias tentativas antes de encontrar a combinação certa de medicamentos.
Antipsicóticos de baixa potência
- Clorpromazina;
- Clorprotixeno.
Antipsicóticos de média potência
- Loxapina;
- Tiotixeno.
Antipsicóticos de alta potência
- Zuclopentixol;
- Flupentixol;
- Haloperidol;
- Tioproperazina;
- Tioridazina;
- Flufenazina;
- Trifluoperazina.
Efeitos colaterais dos antipsicóticos atípicos
Os efeitos colaterais podem variar de acordo com o medicamento ou combinação de medicamentos usados. Alguns dos efeitos colaterais podem ser leves e de curta duração; outros podem agravar-se com o tempo e aumentar o risco de outros efeitos indesejáveis.
A maior preocupação é o risco de efeitos colaterais extrapiramidais (SEP), os efeitos colaterais que afetam o movimento do corpo e a fala. Alguns sintomas das síndromes extrapiramidais podem incluir:
- Discinesia aguda - Distúrbios caracterizados por movimentos musculares involuntários, tiques e diminuição do controle muscular voluntário;
- Acatisia – Sentimento de inquietação e incapacidade de ficar parado, também conhecida como Síndrome do Coelho da Alice;
- Acinesia – Perda ou diminuição da movimentação voluntária;
- Distonia - Contrações intermitentes e involuntárias dos músculos da face, pescoço, tronco, pelve e membros;
- Parkinsonismo - Um grupo de distúrbios neurológicos que causam problemas de movimento semelhantes à doença de Parkinson, incluindo tremores, movimento lento e rigidez.
- Discinesia tardia - Muitas vezes envolvendo movimentos faciais involuntários e repetitivos, incluindo colocar a língua para fora, fazer caretas ou fazer movimentos de mastigação.
Outros efeitos colaterais menos debilitantes incluem dor de estômago, ganho de peso, boca seca, visão embaçada, constipação, vômitos, sonolência e hipotensão ortostática (pressão arterial baixa ao se levantar).
Em casos raros, pode ocorrer uma reação medicamentosa com risco de vida, conhecida como síndrome neuroléptica maligna, causando febre alta, rigidez muscular, estado mental alterado e disfunção do sistema nervoso autônomo (que regula a frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura corporal, digestão e sensações corporais).
No geral, a síndrome extrapiramidal afetará três em cada cinco usuários de antipsicóticos típicos em algum grau. Por outro lado, os antipsicóticos atípicos causarão essa síndrome em um de cada quatro usuários.
Da mesma forma, os antipsicóticos típicos de alta potência são mais propensos a causar SEP, hipotensão ortostática e sonolência do que os de baixa potência.
Embora os antipsicóticos típicos de baixa potência geralmente tenham menos sintomas de síndrome extrapiramidal, eles são mais propensos a afetar o sistema nervoso parassimpático, causando frequência cardíaca anormalmente lenta, pressão arterial baixa, visão embaçada, boca seca e constrição respiratória.
Combinação com outros medicamentos
Quando usados para tratar doenças mentais, os antipsicóticos geralmente são prescritos em combinação com outros medicamentos, como estabilizadores de humor, antidepressivos e medicamentos ansiolíticos.
Conclusão
Os antipsicóticos típicos são medicamentos relativamente antigos, mas ainda eficazes. Caso sinta sintomas de psicose ou de outros transtornos semelhantes, contate um profissional de saúde imediatamente.
Medicamentos para tratar de condições mentais costumam ser receitados por psiquiatras, por isso, consuma os antipsicóticos apenas nas doses e intervalos indicados pelo seu psiquiatra.